O presidente Michel Temer afirmou hoje (14) que não
pretende acabar com o Bolsa Família e que o programa deve receber aumento em
breve.
Temer fez a declaração durante sua participação na abertura do Fórum
Econômico Mundial para a América Latina, que ocorre em São Paulo até amanhã.
“Eu não estou pregando isso [a eliminação do Bolsa
Família], estou pregando a manutenção, que aliás, ganhou um aumento no início
do meu governo e deverá muito proximamente ganhar um novo aumento. Então,
estamos pregando que haja uma evolução no tópico da responsabilidade social”,
esclareceu Temer.
Em seu discurso de apresentação, Temer admitiu que a
pobreza extrema é um dos desafios do país e explicou que o objetivo de seu
governo é evitar que programas assistencialistas ainda estejam na pauta do país
nos próximos anos. Pra isso, ele defende uma “evolução” do programa até sua
possível eliminação a longo prazo.
“Nós precisamos progredir e, por isso, lançamos
muito recentemente um programa chamado Progredir, que é para dar emprego aos
filhos daqueles desfrutantes do Bolsa Família. Porque, ao longo do tempo esse
pessoal vai se incluindo na sociedade e ao longo do tempo, digo eu, quem sabe,
possamos eliminar essa questão do Bolsa Família”, disse Temer.
O presidente enfatizou que o programa faz parte de
um dos eixos prioritários de sua gestão, a responsabilidade social, e que o
valor concedido às famílias beneficiários sofrerá reajuste, sem dar detalhes
sobre o aumento.
Em sua fala, o presidente também resumiu as
principais iniciativas de seu governo na área de responsabilidade fiscal, como
a reforma trabalhista, a limitação dos gastos públicos, entre outras medidas
que contribuíram para o fim da recessão econômica. Temer também destacou o
diálogo como uma das expressões que pautam o governo atual.
Estados
Unidos
Depois de discursar, Temer respondeu a algumas
perguntas do presidente do Fórum, o professor Klaus Schwab. Questionado sobre
como o Brasil pretende lidar com tendências protecionistas no mundo, Temer
respondeu que essa questão preocupa muito o país e que pode recorrer contra os
Estados Unidos pela decisão de aumentar os impostos de importação do aço e do
alumínio.
A taxação afeta diretamente as exportações
brasileiras que tem os Estados Unidos como um dos principais parceiros
comerciais. Temer comentou que é necessário cuidado para tratar das relações
com os país norte americano e que deve telefonar para o presidente Donald Trump
para tratar do assunto.
“Nesta questão do aço realmente há uma grande
preocupação, porque, pelos tratados internacionais, a taxação do aço poderia
variar de 0 a 4,5% e houve uma taxação de 25% no caso do aço e 10% no caso do
alumínio. É claro que temos que tratar com muito cuidado essa matéria”, disse
Temer.
Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Aloysio
Nunes, o presidente não descartou a possibilidade de entrar com uma
representação contra os Estados Unidos junto à Organização Mundial do Comércio
(OMC). Contudo, o presidente disse que, antes dessa medida, o Brasil vai
incentivar o contato de empresas brasileiras que fornecem aço para as empresas
norte-americanas para trabalharem “em conjunto ao congresso americano para
tentar mudar essa fórmula”.
“Se não houver uma solução, digamos assim, amigável
muito rápida, vamos formular uma representação à Organização Mundial do Comércio,
mas não unilateralmente, não apenas o Brasil, mas com todos os países que
tiveram prejuízo em função dessa medida tomada. Naturalmente, essa conjugação
coletiva dos países dará mais força a essa representação”, afirmou.
Temer também foi questionado sobre a reforma da
Previdência. O presidente reafirmou que pode tentar retomar a tramitação da
emenda constitucional que altera as regras de acesso à aposentadoria no
Congresso Nacional ainda no segundo semestre deste ano, talvez em setembro ou
outubro, quando pretende acabar com a intervenção federal na segurança do Rio
de Janeiro.