Um comunicado enviado pelo Sindicato dos Trabalhadores
dos Correios ao presidente da estatal, general Floriano Peixoto Vieira Neto,
bateu o martelo depois que a diretoria da empresa propôs reduzir o bônus de
férias (de 2/3 para 1/3 do salário), diminuir o adicional noturno (de 60% para
20% a hora), extinguir o popular “Vale Peru” (tíquete de alimentação no valor
de R$ 1 mil oferecidos em dezembro) e alterar a licença maternidade (de 180
dias para 120 dias).
Ainda estão previstos no mesmo pacote as exclusões de
outros benefícios como o Vale-Cultura e o pagamento de multas dos funcionários.
Nesta quinta-feira (30), depois de dois dias inteiros de videoconferência, os
presidentes do sindicato da categoria em todo o país encaminharam um comunicado
ao general Floriano Peixoto, adiantando que a paralisação será por tempo
indeterminado “por não terem suas reivindicações atendidas pela empresa na mesa
de negociação”.
Ouvido pelo Agora RN, o presidente do sindicato da
categoria, José Edilson Silva, o Edson Shampoo, afirmou que nem abrindo mão de
um reajuste salarial em favor da manutenção de 79 cláusulas do acordo coletivo
da categoria construídas ao longo dos últimos 30 anos, a empresa cedeu.
“Questões como o pagamento do plano de saúde, que já
foi integralmente dado pelos Correios aos trabalhadores, que hoje pagam a
metade e cuja proposta da empresa é para que paguem integralmente, estão entre
as muitas pautas debatidas”, afirmou.
Sobre os atrasos nas entregas dos Correios, ele
atribuiu a interdição temporária de vários Centros de Triagem distribuídos por
diferentes bairros de Natal toda vez que se descobria um novo caso de
coronavírus entre os funcionários, obrigando a paralisação por 48 dos serviços
e a desinfecção do local.
“Isso aconteceu em seis Centros de Distribuições
(CDDs) de Natal e Mossoró, entre eles Parnamirim, Ribeira e na Cidade da
Esperança”, afirma Shampoo.
Segundo o sindicalista, outro problema que contribuiu
para travar os serviços foi o total descaso da direção dos Correios com o
fornecimento de equipamentos de proteção individuais (EPIs) aos trabalhadores e
a adequação dos espaços aos protocolos sanitários.
Posição dos Correios
Num longo texto distribuído à imprensa neste fim de
semana, a direção dos Correios argumenta que as alterações propostas aos
trabalhadores buscaram nivelar a categoria para se aproximar mais das regras da
CLT.Segundo a mensagem, o pacote teria a capacidade de gerar uma economia de
mais de R$ 600 milhões ao ano para a empresa.
Acrescenta que uma paralisação neste momento terá
grande impacto no segmento de comércio eletrônico, que está em alta histórica
desde o início da pandemia quando empreendimentos tiveram que se digitalizar e
comercializar produtos pela internet já que o envio de mercadorias e itens
pessoais entre familiares distantes também virou algo recorrente durante a
quarentena.
Em outro trecho do texto, a direção dos Correios
afirma que a recusa das entidades em compreender a situação da empresa provocou
reações impróprias, fazendo “representantes sindicais iniciaram a veiculação de
diversas comunicações inverídicas, provocando confusão nos empregados acerca
dos termos da proposta”.
Ainda segundo o posicionamento oficial dos Correios,
não procede a afirmação de que a empresa propõe modificar os termos do plano de
saúde dos empregados e que se trata apernas de uma adequação do texto referente
às obrigações da empresa.
Afirma, ainda, que os Correios não pretendem suprimir
direitos dos empregados, uma vez que eles são garantidos por lei. E que a
proposta buscaria apenas ajustar benefícios concedidos à categoria.
Sobre a supressão do vale-refeição, a empresa
argumenta que, “nos termos vigentes, sua concessão extrapola a jornada laboral,
alcançando o recesso semanal e as férias dos empregados. O que a empresa propõe
é a redução do benefício de forma a contemplar apenas os dias efetivamente
trabalhados”. E acrescenta que a proposta, caso prospere, representará para os
Correios uma economia da ordem de R$ 20 milhões mensais.
Já sobre a adequação da remuneração de férias,
atualmente em 2/3 de adicional ao salário, “quando a CLT garante ao trabalhador
1/3 de incentivo no período de descanso”, essa economia para a empresa será de
R$ 600 milhões ao ano.