Nos últimos 7 dias, o número de pessoas com mais de 18
anos que procuraram os postos para tomar a 1º dose da vacina contra a Covid-19
cresceu 98,71% no Rio Grande do Norte, segundo dados do portal Regula RN, usado
na administração da campanha de vacinação no estado.
De acordo com a coordenação de Vigilância em Saúde da
Secretaria Estadual de Saúde Pública, o aumento está diretamente relacionado à
obrigatoriedade do comprovante de vacina.
No dia 18 de janeiro, o governo do Rio Grande do Norte
publicou um decreto exigindo passaporte vacinal para entrada em shoppings,
cinemas, bares e restaurantes. O documento determina a comprovação da vacina
contra a Covid em ambientes fechados ou abertos, com capacidade superior a 100
pessoas.
Na semana que antecedeu a publicação do decreto, de 11
a 18 de janeiro, 2.481 adultos haviam recebido a primeira dose no RN. Já na
semana seguinte, de 19 a 25, foram 4.930 pessoas. Um aumento 98,71%.
No dia 18 de janeiro as cidades do estado também
começaram a vacinação de crianças contra a a Covid-19.
De acordo com o Regula RN, o número de pessoas que
procuraram os postos para receber a 2ª dose também aumentou após o decreto do
passaporte vacinal.
Do dia 11 ao dia 18 de janeiro, 8.373 pessoas
receberam a vacina em todo estado. Após a publicação do decreto, do dia 19 até
esta terça-feira (25), 10.354 pessoas receberam a D2. Um aumento de 23,65%.
“De um modo geral eram pessoas que muito provavelmente
não iriam tomar vacina por diversos motivos. E que agora estão fazendo a
adesão”, comentou Kelly Lima, coordenadora de vigilância em saúde da Sesap.
Somente no último sábado (22), 9.888 pessoas tomaram a
D1, D2 ou D3 da vacina contra a Covid no estado. No sábado (15), somente 5.055
pessoas procuraram os postos para receberem as vacinas. O aumento registrado de
um fim de semana para o outro é de 95,60%.
Somente na capital de estado, 730 pessoas procuraram
os postos para tomar a D1 no sábado (22). No mesmo dia, 637 tomaram a D2 e
1.448 a D3. Totalizando 2.815 doses aplicadas em um único dia.
“E foi algo que persistiu. Durante toda essa semana
temos percebido uma procura aumentada, não só na capital, mas em todo estado.
Municípios que antes estavam com estoque, já solicitaram mais imunizantes para
adultos”, afirmou Kelly.
Decretos
Uma preocupação da Sesap é que a procura pela vacina
volte a cair, pelo menos na capital, após o decreto municipal publicado nesta
terça-feira (25). O documento desobriga comerciantes de exigirem o comprovante
vacinal para acesso de clientes aos estabelecimentos e contraria o decreto
estadual publicado em 18 de janeiro.
“Não sabemos com vai ficar aqui no estado depois desse
decreto municipal. A gente tem mais de 600 mil pessoas que poderiam tomar a
vacina. O decreto do estado é também uma forma de estimular as pessoas
colocarem o calendário em dia. Que elas se sintam motivadas, mesmo que seja por
um motivo diferenciado”, justificou Kelly Lima.
Fiscalização
A coordenadora explicou ainda que na sexta-feira (21),
foram iniciadas fiscalizações em shoppings e bares na capital, e no interior
através das forças de segurança que fazem parte do programa Pacto pela Vida.
“Mantivemos essa fiscalização durante o fim de semana
em grandes eventos em Parnamirim, por exemplo. Mas, desde ontem não estamos
mais realizando essa fiscalização em Natal, em função do decreto municipal.
Estamos aguardando um posicionamento da justiça para continuar”, afirmou Kelly.
Segundo ela, o Governo do RN vai entrar com um pedido
de liminar para que o decreto estadual, que é mais restritivo que o municipal,
seja cumprido em detrimento ao outro.
“Ao longo de um processo histórico erradicaram uma
série de doenças com vacinas. E nós entendemos que só com ampla adesão, Vamos
passar por esse momento que voltou a ficar crítico aqui no estado”, destacou
Kelly Lima.
Internações
De acordo com a Sesap, cerca de 70% das pessoas
internadas nos leitos destinados ao tratamento da Covid-19 no RN não concluíram
o esquema vacinal. “O restante dos pacientes nem sequer iniciou o esquema. É um
número que chama atenção”, confirmou Kelly Lima.
De acordo com Janeusa Souto, que é doutora em
imunologia, professora da UFRN e faz parte do comitê científico do estado, a
orientação do Ministério da Saúde é que mesmo em caso de atraso, a população
deve ser vacinada. Independente do tempo de atraso, a vacina, segundo ela
continua sendo eficiente.
“Os estudos têm mostrado que sim, mesmo em atraso, é
importante que as pessoas façam (o esquema). Não é reiniciar, não é fazer um
novo ciclo vacinal. É continuar o ciclo vacinal. Ainda tem a terceira dose que
vai fazer uma reestimulação do sistema imunológico”, destaca a especialista.
Para Janeusa, aumentar a cada dia o número de pessoas
vacinadas é essencial para “evitar a forma grave da doença e morte. E aumentar
o número de vacinados é a forma de diminuir a progressão doença na população.
Chegar na chamada imunidade de grupo”, destaca a professora.