Em tempos de diversidade midiática, cada vez mais os
comportamentos são vistos e compartilhados por muitas pessoas. A internet, por seus múltiplos meios,
tornou-se um ‘lugar’ onde grande parte dos “encontros” se dá - movidos por
interesses e motivos vários - em que o internauta demonstra e assimila o que
dispuser a sua capacidade de visão e entendimento do mundo. As redes sociais,
por exemplo, atualmente são acessadas por um grande número de pessoas no Brasil
e em todo o planeta, configurando-se, então, num fenômeno generalizador de
comunicação, entretenimento, relacionamentos e, claro, imbecilidade. Muita
imbecilidade.
Para não ser mais um imbecil a habitar a aldeia
global, é preciso, antes, não sê-lo fora dela; isto porque, embora se aprenda
navegando, o nível e a qualidade deste aprendizado possível, corresponderá à
habilidade (orientada ou não) de quem a acessa.
Entretanto, em uma sociedade
como a nossa, convenhamos, os riscos de desvio são enormes, seja pela baixa
escolarização vigente (inclusive pelo analfabetismo tecnológico), seja pela
deficiência educacional constatada em todas as suas dimensões.
Precisamente nas redes sociais - em meio à confusão
de tipos ridiculamente estereotipados - ser autêntico e acautelado parece uma
contravenção. Não se confundir à multidão ávida por aprovação do grande público
cibernético-alienado seria uma espécie de primitivismo; de anormalidade
comportamental. Colabora com isso a ideia (mais surreal e menos factível) de
ostentação, incorporada, sobretudo, por jovens e adolescentes e, pasmem! Por
crianças também.
O fato é que tornou-se “obrigatório” exibir algo
como sinônimo de pertencimento a certo grupo ‘na moda’ ou possuidor de certos
bens aceitos como superimportantes: roupas, bebidas, comida, carro, viagens.
Apesar de não ficar muito claro, há uma certa disputa entre quem se mostra
(literalmente, se mostra) detentor de uma boa vida, mesmo que seja ( e o é)
status intencionalmente falseado. É que nesse joguete - digno de mentes
pequenas e de egos frágeis - importa, para ser reconhecido, ostentar suas
“conquistas” de “felicidade”. Quanta ilusão!
Acrescente-se a isso, a espetacularização de tudo,
até mesmo da privacidade. Com a velocidade e a abrangência dos conteúdos, a
veracidade e a qualidade das informações, não raro, são desprezadas em nome do
furo e da exposição grotesca, de tal forma, não importando os eventuais e
frequentes malefícios individuais e coletivos que podem causar, por não
observância à prudência e à responsabilidade necessárias ao publicá-las.
Ora, dado que o ambiente virtual é difuso, confuso
e, tomando um conceito de Zygmunt Bauman, líquido, segui-lo à risca é, no
mínimo, dele ser vítima. Mais que isso, é ser objeto da dominação ideológica,
do consumismo e dos padrões desumanizantes propalados pelas mídias. Em outras
palavras, é negar-se a si mesmo como ser inteligente e, portanto, dono do seu
próprio destino. Como consequências, temos uma geração tomada pelo egoísmo,
pela estultícia, pela fugacidade das relações, ao passo em que prevalece o
desprezo aos afetos; à convivência, aos valores fundamentais, como ética,
cumplicidade, tolerância, respeito ao diferente etc.
Que haja mais educação e menos ignorância!
Pelo bom senso, é possível, sim, e desejável que se
faça bom uso da internet e das redes sociais, ferramentas imprescindíveis no
século XXI, com as quais tanto se pode evoluir e bem comunicar, quanto sucumbir
à mediocridade comum e ao atraso intelectual/moral nelas, também, presentes.
Prof. Messias Torres
Educador, Radialista, Poeta
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