domingo, 20 de setembro de 2015

RN TEM 40% DOS RESERVATÓRIOS SECOS OU MORTO

Depois de quatro anos de seca, o que se tem visto no interior do Rio Grande do Norte é um quadro de desolação. Percorrendo o interior do Estado, o que se encontra são carcaças de animais mortos nas margens das rodovias por falta de água e alimento, grandes reservatórios secos e cidades inteiras sendo abastecidas por carros-pipa. Nas áreas rurais, a situação é ainda mais complicada, tendo em vista que, mesmo recebendo abastecimento dos carros-pipa, a dificuldade para manter os animais vivos é uma luta constante.

O último relatório divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) revela que 40% dos reservatórios do Rio Grande do Norte estão secos ou em volume morto e, ainda, que a reserva de água do Estado está em 20% – o percentual corresponde à média dos níveis dos reservatórios que ainda oferecem água para o consumo humano.

Mesmo com a tentativa dos governantes em promover ações que possam pelo menos minimizar a situação, essas ações têm efeito muito pequeno, como a perfuração, recuperação e instalação de poços. Embora o índice de poços perfurados anunciado seja representativo, o número de poços em funcionamento não consegue atender a demanda.

O titular da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Mairton França, declarou que as intervenções estão sendo feitas principalmente nos municípios mais atingidos pela estiagem. “Estamos selecionando os municípios com critérios técnicos e não políticos, priorizando que a água chegue às localidades mais dispersas e necessitadas”, disse Mairton.

Segundo ele, a Semarh já realizou a locação de 420 poços, sendo 250 no Alto Oeste e 170 no Seridó. Dos 300 poços perfurados, já foram realizados testes de vazão em 250 e, mesmo assim, nem todos estão em funcionamento. Mairton declarou que a Semarh agora conta oito perfuratrizes em funcionamento e cada uma delas cava dois poços por dia. “A nossa expectativa é que até dezembro a gente consiga perfurar 500 poços no interior do Estado.”

Apesar dessas tentativas e o fato de ao longo de várias décadas o abastecimento dos municípios do Rio Grande do Norte estar condicionado ao nível dos reservatórios, a situação tem se agravado com a longa estiagem.


A situação, na grande maioria deles, é preocupante. Na região do Alto Oeste, o cenário é chocante. O açude Bonito, principal reservatório do município de São Miguel, está seco desde janeiro. Água, só através de carros-pipa. Em Pau dos Ferros, a situação não é diferente. A solução tem sido a instalação da adutora que recebe a água que vem da barragem de Santa Cruz, em Apodi. Mesmo assim, a quantidade oferecida não atende a necessidade da população.

‘El Niño’ pode trazer mais um ano de seca

Para complicar, o “El Niño” está aí. Os principais centros de análise e monitoramento do clima no planeta já concordam com todas as condições técnicas para o estabelecimento do fenômeno. Os efeitos no Brasil são o aumento da chuva na região Sul e a diminuição da chuva no Nordeste, o que pode significar mais um ano de seca. 


A esperança dos produtores rurais e representantes de entidades rurais é de que no próximo ano a situação melhore com um período chuvoso satisfatório, mas essa esperança vai diminuindo a cada previsão meteorológica. Recentemente, o presidente Eduardo Sávio Martins, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), já havia dado o alerta sobre a presença do “El Ninô” e a possibilidade de mais um ano seco.

Agora, o especialista em climatologia José Espínola, da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), confirma os efeitos do fenômeno, que, segundo ele, está com incidência entre moderada a forte e tem causado a diminuição da ocorrência das chuvas. Quanto às previsões para o próximo ano, o especialista foi direto. “Caso o quadro não se reverta até o mês de dezembro, é bem provável que o período chuvoso de 2016 seja prejudicado, mas podem ocorrer algumas mudanças, já que estamos tratando de um fenômeno relativamente novo que tem causado surpresas até a nós meteorologistas”, afirma.


Para o meteorologista Gilmar Bristott, ainda é cedo para fazer esse tipo de previsão. Segundo ele, muitas mudanças podem ocorrer até o início do período chuvoso, para se fazer agora qualquer tipo de previsão.

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