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Valdetário Carneiro |
Prestes a completar onze anos de sua morte, no
próximo dia 10 de dezembro, o assaltante de bancos José Valdetário Benevides
Carneiro, o "Val Carneiro", um dos mais temidos criminosos do
Nordeste, virou entre a população do Rio Grande do Norte, em especial a do
Oeste, uma espécie de mito devido aos acontecimentos que marcaram a sua
trajetória de vida.
Depois de muitas fugas, perseguições, assaltos,
homicídios, entre outros feitos realizados pela quadrilha liderada por
Valdetário, ele foi morto com dezenas de tiros no dia 10 de dezembro de 2003,
durante uma operação da Polícia Civil, comandada pelo então delegado de
Caraúbas, Ridagno Pequeno de Lima. Ação que pôs fim ao "reinado" de
Val Carneiro ocorreu em uma casa, na fazenda Serrote, zona rural de Lucrécia.
Na ocasião, Valdetário se encontrava longe de sua
quadrilha, acompanhado apenas de uma mulher e uma criança de pouco mais de um
ano de idade. De acordo com os relatos da polícia na época, Valdetário não se
rendeu ao comando da ordem de prisão e passou a trocar tiros com os policiais.
Porém, familiares do criminoso afirmam que ele foi executado após ter se
entregado aos policiais, uma vez que ele, ao notar a presença da polícia, teria
saído da casa com as mãos para cima, temendo um tiroteio, por causa de seu
filho pequeno e da mulher que estavam em sua companhia.
Um primo de Valdetário, que preferiu não se
identificar, assegura que o seu parente foi executado pela polícia, inclusive
em outro local diferente onde ocorreu a abordagem policial. "Valdetário
foi morto com tiros à queima-roupa, fora da propriedade onde ele foi pego. No
momento em que a polícia chegou à fazenda, ele se rendeu. Aí colocaram-no
dentro de uma viatura e o mataram em outro local. Se Val tivesse sido morto na
fazenda, havia manchas de sangue, e eu fui lá, no local, e não vi sangue
nenhum. A polícia simulou um confronto, atirando nas paredes da fazenda",
disse.
A saga do assaltante de bancos Valdetário Carneiro
já foi tema de muitos trabalhos acadêmicos, de documentários, de um programa
especial da Rede Globo, o “Linha Direta”, e no ano passado se imortalizou
quando foi transformada em um livro intitulado "Valdetário Carneiro, a
Essência da Bala", escrito pelos jornalistas Rafael Barbosa, Themis Lima e
Paulo Nascimento.
Quadrilha
protagonizou roubos históricos no Nordeste
Mesmo a Polícia Civil não tendo registros precisos
da quantidade de assaltos protagonizados pela quadrilha de Valdetário Carneiro
em todo o Nordeste, estimativas extraoficiais calculam que mais de 100 bancos
foram alvos da ação do bando, que no seu auge contava com quase 120 criminosos
espalhados nos estados nordestinos, em especial no RN, Paraíba, Ceará e
Alagoas, onde foram roubadas mais agências.
Entre as inúmeras ações criminosas, um dos assaltos
mais emblemáticos e ousados feitos pelo bando ocorreu na cidade de Macau (RN),
no dia 31 de maio de 2002, quando três agências bancárias da cidade - Banco do
Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal - foram invadidas
simultaneamente e o dinheiro, levado. Estima-se que mais de R$ 500 mil tenham
sido roubados das instituições financeiras.
A ação tornou-se violenta, quando uma viatura
ocupada por dois delegados da Polícia Civil, um agente e um sargento da Polícia
Militar entrou em confronto com o bando. Na ocasião, 15 bandidos fortemente
armados trocaram tiros com a polícia e um sargento morreu no tiroteio.
Ao final do confronto, ninguém foi preso, e o bando
conseguiu escapar levando o dinheiro.
Além de Macau, cidades como Caraúbas, Apodi, Campo
Grande, Umarizal, Governador Dix-sept Rosado, entre outras do Oeste, tiveram
suas agências bancárias assaltadas pela quadrilha de Valdetário.
Quem
era Valdetário
José Valdetário Benevides Carneiro nasceu no dia 7
de março de 1959, em Caraúbas, e era filho único do casal Luiz Cândido
Benevides e Antônia Amabília de Paiva.
Famoso assaltante de bancos, o ex-mecânico sempre
afirmou que o motivo que o fez tornar-se um criminoso foi sua injusta prisão,
sob acusação de ter efetuado no município de Caraúbas o roubo de um veículo
Ford Pampa, o que lhe rendeu quatro anos e seis meses de prisão. Ao sair,
retornou ao seu antigo ofício de mecânico de autos. Mas novamente acusado de
ser o responsável pelo roubo de um outro carro e certa quantidade de dinheiro,
no município de Mossoró, Valdetário se revoltou e iniciou sua vida de crimes.
Atualmente, sua história divide opiniões e acirra
debates populares entre os seus admiradores e os que o odeiam. Discussões que
colocam Valdetário entre bandido e herói.
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