Nesse sete de setembro a nossa agenda está
cheia de patriotismo, “dia de glórias, de heroísmo, de bravura...”, é o famoso
dia da “Independência”.
Pois bem, esta é a hora de repensarmos a nossa
História. O certo é que existe na verdade, duas histórias. Uma delas é aquela
que é feita para agradar a príncipes e reis, que transforma heróis em traidores
e traidores em heróis.
De início, chamaremos aqui a atenção para o contexto
da “Independência do Brasil”, considerando que a mesma já nasceu errada ,
prostituta. Na verdade, o trecho; “o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
brilhou no céu da pátria nesse instante” do hino nacional não é bem a
realidade, pode até ter brilhado naquele instante, mas sem muitos méritos, haja
vista que, D. João VI voltou a Portugal, levando tudo que havia nos cofres do
Banco do Brasil e deixou a terra sob o poder do seu filho, como garantia do seu
domínio e já com a intenção de recolonizar todo o Reino Unido.
A partir daí, sem dinheiro, sem nada, com apenas uma
independência que saiu de um grito fingido, tivemos que inaugurar aquilo que
trás hoje o nome de DÍVIDA EXTERNA, visto que, para Portugal “aceitar” nossa
independência, fez-se necessário ser pago um valor 2 milhões de libras
esterlinas (uma média de 9 milhões de reais) a título indenização, o que nos
custou um empréstimo junto aos banqueiros ingleses, em contrapartida, passamos
a súditos econômicos deste metrópole comercial, que era a grande potência da
época, fato.
Nossa história é repleta de contradições, quase
sempre (ou sempre) ouve interesses elitistas por trás de movimentos nacionais,
em consequência disso, sem exageros, temos hoje grande parte deste Brasil
dominado e alienado por parte da mídia, que nunca defende interesses plurais,
mostrando sempre uma imagem distorcida da realidade, diga-se, os seus próprios
interesses.
A grande imprensa gosta de mostrar “O País do
futebol”, “O País do carnaval”, exaltando ambos a tal ponto que, é se fossem
algo vantajoso para o povão. Lembremo-nos dessas obras faraônicas que estão
sendo construídas de forma tão rápida para a Copa do mundo do ano que vem,
enquanto isto, falta-se o mínimo de serviços
básicos que garantam cidadania e dignidade ao povo desta pátria mãe gentil.
Determinados
administradores públicos gastam excessivamente em coisas sem sentido, como
contratos de milhares de reais em shows de artistas que estão frequentemente na
mídia (na maioria das vezes para superfaturar), com excesso de propagandas
ilusionistas do que não se faz (mas tentam passar que fazem), enquanto em suas
cidades, não existe por parte dos mesmos a preocupação com SEGURANÇA
PÚBLICA EDUCAÇÃO, SAÚDE, EMPREGOS DIGNOS,
SANEAMENTO BÁSICO, DIMINUIÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL, enfim, com as mazelas que
assombram e assolam a população não detentora de privilégios. Nesse sentido,
temos a impressão que voltamos a velha Roma antiga, é a velha e “boa” política
do Pão e Circo ressurgindo das profundezas não sei de onde.
De outra
banda, vemos um país que culturalmente não valoriza movimentos históricos de
massa, como o movimento de Canudos, liderado pelo messiânico Antônio
Conselheiro, movimento esse que acolheu e deu condições de moradia a muitos
sertanejos desiludidos com o governo Republicano da época. Movimento como o
Quilombo de Palmares, que tinha como um de seus lideres o negro Zumbi, símbolo
da resistência negra, morto em 20 de novembro de 1695. Vale lembrar o que foi
feito com nossos nativos ao longo da colonização.
Quanto a “Libertação dos Escravos” em 1888? Esta
palavra “Libertação” parece mais uma piada de português (ou de inglês), pois é
sabido que quando o escravo foi “liberto”, o governo brasileiro não o deu
oportunidade, nem condições dignas de vida e de sustento, tendo assim o mesmo
continuado a margem da sociedade, como bem já foi observado por escritores ; o
escravo saiu da senzala para os viadutos ou periferias.
Se faz necessário “revelar” mais uma vez, que essa
“libertação”,foi pressionada pelo governo inglês, pois a Inglaterra vivia
um momento excepcional de sua
industrialização e queria mercado consumidor, e escravo sendo “coisa”, não
tinha poder de compra (Como já dito,sempre interesse de elite por trás do que
aconteceu e acontece ,sejam elites internas ou externas).
Lembremos-nos
do período triste da Ditadura Militar de 1964, classifico como um dos períodos
mais cruéis já vistos em nosso solo, tão recente em nossa história, foi de
interesse americano. E ainda há pessoas, inclusive homens públicos “berram”;
“Na ditadura as coisas tinham moral,o negócio era no cacete”. Se violência
fosse solução...
Resta-nos agora indagar-mos: Que País é esse? Mesma pergunta feita pelo
cantor e compositor Renato Russo na década de 80, pergunta essa ainda tão
atual. Que País é esse onde sua história é cheia de “absurdos normais”? Onde
diversas irregularidades, falcatruas, roubalheiras, descaso com segurança,
saúde, educação, prevenção... tudo isso fica impune? Onde deputado condenado a
prisão, continua sendo detentor de mandato eletivo? Onde uma grande parcela da sua população
negra ainda continua marginaliza e hostilizada, mesmo depois de tantos anos de
“Democracia”? Onde a maior parte da riqueza está nas mãos de uma pequena
minoria? Onde a corrupção perece ser uma coisa histórica, cultural e, diga-se,
normal? Onde a sempre um “jeitinho brasileiro” de fazer as coisas? Onde tudo
acaba em pizza e o povo não enche a
barriga?
Aqui não se sabe onde a mais sujeira, se nos esgotos
ou nos ambientes de reuniões e acordos de nossos políticos. Quanto a
Constituição? Ah, ela é linda, é um tesão, lendo seu art. V dá até vontade de
chorar de emoção, porém, isso se limita apenas ao papel. Precisamos de
cidadania, ela é conscientização do coletivo, ou como diria Hemingway
"nenhum homem é uma ilha", portanto acorde e faça sua parte, lute
pelo seu país pelos seus filhos e netos.
Por enquanto, só temos certeza de uma coisa, a terra é adorada, amada,
idolatrada por nós e pelos visíveis exploradores. Contudo, na hora do “...
Salve! Salve!”, ninguém quer salvar o Brasil. Uma coisa haveremos de aplaudir:
O Brasil ainda é o “Gigante pela própria natureza ”. Com as suas riquezas
naturais, com a sua extensão territorial e sua grande diversidade étnica e
cultural.
Cesar Amorim: Brasileiro/ Graduando em Direito pela
UERN/Ex-aluno de Geografia pela UERN/ Estagiário de Direito na Procuradoria
Geral do Estado - Subseção Mossoró.
César Amorim