O promotor
da 2ª Promotoria de Justiça de Apodi, Sílvio Brito, revelou durante reunião
ocorrida na Secretaria Estadual de Agricultura, em Natal, que a previsão para
os próximos seis meses é de continuar realizando alguns abates de jumentos em
caráter experimental e educativo, numa média de 10 a 20 animais por mês, cuja
carne será doada a alguns restaurantes que se disponham a testar a qualidade do
produto e também transformada em carne de charque.
Esses abates
servirão, ainda, para as pesquisas científicas que serão iniciadas em breve por
um grupo de pesquisadores, em sua maioria doutores em Zootecnia e Veterinária,
além de mestrandos e doutorandos. Eles iniciarão estudos aprofundados sobre
todas as potencialidades econômicas do jumento, já que, embora se crie jumentos
há mais de 200 anos no Nordeste, pouco se sabe a respeito da biologia desse
animal.
A reunião
contou ainda com a participação do procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis
Lima, que demonstrou sua preocupação com o atual estado de abandono dos
jumentos no Rio Grande do Norte. O encontro contou também com a presença de
veterinários, professores universitários e autoridades zoossanitárias estaduais
e federais.
O encontro
foi realizado para debater e esclarecer vários pontos sobre a iniciativa
pioneira de difundir o consumo de carne de jumento no município de Apodi. A
iniciativa foi do promotor de Justiça da Comarca de Apodi, Sílvio Brito, que,
há poucos dias, promoveu almoço de degustação da carne de jumento.
O promotor
de Justiça Sílvio Brito disse, na reunião, que durante séculos o jumento sempre
foi visto exclusivamente como uma ferramenta de trabalho pelo sertanejo,
utilizada para lavrar o campo e transportar pessoas e cargas. E que com o
advento das máquinas, em especial dos tratores e das motocicletas, a utilização
dos jumentos nesse trabalho foi diminuindo.
Ainda de
acordo com o representante ministerial, à medida que foram perdendo utilidade
para o homem do campo, os jumentos foram sendo sistematicamente abandonados.
Apenas para ilustrar, ele comentou que nunca apareceu um único proprietário
para resgatar um dos mais de 600 animais apreendidos pelas Polícias Rodoviárias
Federal e Estadual nos últimos cinco meses e levados para a Associação de
Proteção aos Animais (APA) de Apodi.
Sílvio Brito
lembrou, ainda, o grande número de acidentes graves provocados por esses
animais. Só nas últimas duas semanas, foram duas mortes e vários feridos na
região de Mossoró (uma envolvendo uma motocicleta e a outra, um caminhão, que
se chocaram com jumentos soltos nas rodovias da região).
O professor
aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e histórico
defensor dos jumentos, Fernando Viana Nobre, também esteve presente à reunião e
ressaltou sua preocupação com a preservação da espécie. De acordo com ele, a
exportação da carne de jumento para o Japão, nas décadas de 1970 e 1980, quase
dizimou toda a tropa existente no Nordeste. Foi justamente naquele tempo que
começou sua militância em defesa do jumento nordestino.
Além de
Fernando Viana, falaram fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura e do
Idiarn, que externaram preocupação com o cumprimento da legislação
zoossanitária, a fim de preservar a saúde humana e evitar a proliferação de
doenças nos rebanhos do Estado.
O
veterinário Geneclayton Almeida, que passou os últimos seis anos na Europa,
onde realizou seu curso de mestrado, fez restrições quanto a destinação da
carne de jumento para o sistema penitenciário e para a merenda escolar.
No domingo
passado, 30, o Hotel VillaOeste, de Mossoró, ofereceu, a pedido do promotor
Sílvio Brito, um almoço de degustação de carne de jumento para a equipe do
programa Globo Rural, da Rede Globo de Televisão. O almoço foi preparado pelo chefe
Antônio Carlos Caetano e foi servido à francesa de três formas diferentes: um
contrafilé acebolado, servido com batata noisette e arroz de brócolis e
castanhas; filé com torre de legumes e molho Dijon; e lombo recheado servido
com purê de cenoura e arroz branco.
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