Carros-pipa abastecem cidades sem água nas torneiras |
A quantidade de cidades potiguares com colapso no
sistema de abastecimento de água cresceu de 12 para 21 nos últimos 30 dias. Os
dados foram atualizados pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) e
mostram cidades que não recebem mais água encanada ou que recebem líquido
impróprio para consumo humano. Os casos são concentrados nas regiões Seridó,
Oeste e Alto Oeste do Estado. Apenas a regional do órgão em Pau dos Ferros tem nove
municípios nessa situação. Ao todo, 146 cidades potiguares e mil comunidades
rurais estão em situação de emergência e os moradores são abastecidos por
carros-pipa.
Os números foram atualizados pela companhia na
última reunião do Comitê de Combate à Seca, realizada na segunda-feira (10).
Seis cidades da região Oeste entraram na lista. Em pelo menos oito desses
municípios, apesar dos moradores receberem água, ela está imprópria para o
consumo humano, por isso, o abastecimento já é considerado insuficiente.
O colapso ocorre quando a concessionária do serviço
público de abastecimento não consegue manter seu serviço por falta de água no
reservatório de onde ela é tirada.
Segundo o gerente de Desenvolvimento Operacional e Controle de Perdas da
Caern, Isaias Costa, o colapso ocorre em duas etapas, sendo a primeira quando a
empresa começa a ter problemas para abastecer toda a cidade ao mesmo tempo, por
falta de água. “Conversamos com as pessoas para fazerem o uso racional do
líquido, depois temos que fazer rodízio por região da cidade. Com a falta de
chuva, a salinização da água fica elevada e nós deixamos de cobrar pelo
abastecimento, apesar de ele continuar, porque a água está com a qualidade
aquém do exigido.
Avisamos à população que não a utilize para o consumo humano,
mas para outras atividades”, explica.
Esse seria o caso das seis cidades do Oeste, além de Jucurutu e Luis Gomes,
onde a água está com alto índice de salinização. “ Então chega a um ponto em
que as bombas praticamente não conseguem mais puxar a água. Uma hora passam a
sugar lama, material orgânico. Esse é o nível mais crítico”, acrescenta o
gerente da empresa. Ainda de acordo com ele, os níveis de salinização da água
são medidos diariamente pela Caern.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Pesca
(Sape), Tarcísio Bezerra, que preside o Comitê Estadual de Combate à Seca
afirmou que todos os projetos executados pelo governo do estado estão em
andamento e serão intensificados para
combater o problema.
Emergencialmente, a operação pipa do Exército brasileiro
abastece 113 cidades, enquanto o programa da Defesa Civil do Estado atende
outras 28. “São cerca de 300 mil pessoas, ao todo, que estão sendo atendidas
dessa forma”, acrescenta. Mas falta de controle sobre a qualidade da água,
visto que praticamente nenhum desses municípios possui órgãos que vistoriem o
transporte do líquido. O único controle do Estado, por enquanto, é feito
através de um atestado da qualidade água, onde os carros-pipa são abastecidos.
“Conseguimos recursos federais (R$ 5 milhões) para comprar 113 mil filtros que
estão sendo entregues à população,
porque estávamos preocupados com a qualidade da água”, argumentou o
secretário.
Bezerra também citou vários sistemas adutores, que
estão sendo construídos ou ampliados. Segundo ele, o do Seridó, com 28 km, já
foi finalizado. Outros são o de Brejinho e a adutora da Espingarda, em Caicó,
também concluídos, e o do Alto Oeste (95% executado). A adutora de
Parelhas/Carnaúba dos Dantas está em 98%, e a ampliação do sistema Monsenhor
Expedito tem inauguração prevista para março. O Seridó e o Vale do Açu deverão
contar com a barragem de Oiticica. A adutora de engate rápido de Pau dos Ferros
também começou a ser construída.
Entretanto, parte das adutoras prontas não funciona
porque os reservatórios que deveriam abastece-las estão com pouca água. O
secretário, porém, não precisou quais delas estariam nessa situação.
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