O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício declarando que, se a Câmara
decidir pela abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff, o Senado poderá arquivar o caso depois. A interpretação foi anexada à
ação em que o PCdoB pede para o tribunal definir o rito de andamento do
processo de impeachment no Congresso Nacional.
“Eventual decisão da Câmara dos Deputados pela
admissibilidade do processamento do impeachment – de caráter essencialmente
político, como sublinhado pelo acórdão do STF – em nada condiciona ou vincula o
exame do recebimento ou não da denúncia popular pelo Senado Federal, visto que
essa etapa já se insere no conceito de ‘processamento’ referido na
Constituição, de competência privativa do Senado”, diz o texto.
Segundo o parecer, “STF já reconheceu que a
Constituição da República de 1988 modificou as atribuições até então
distribuídas entre as Casas Legislativas no procedimento de impeachment,
transferindo a atribuição de processar para o Senado Federal e incluindo nesta
competência até mesmo o recebimento (ou não) da denúncia popular”.
O artigo 24 da Lei 1.079, de 1950, que define o rito
do impeachment, determina: “Recebido no Senado o decreto de acusação com o
processo enviado pela Câmara dos Deputados e apresentado o libelo pela comissão
acusadora, remeterá o Presidente cópia de tudo ao acusado, que, na mesma
ocasião, será notificado para comparecer em dia prefixado perante o Senado”. Na
petição encaminhada ao STF, a defesa do Senado pede que o tribunal interprete a
regra no sentido de a Mesa do Senado Federal decidir se quer instaurar ou não o
processo de impeachment.
O documento leva a assinatura do advogado-geral do
Senado, Alberto Cascais. A folha de rosto, que encaminha o parecer ao relator
da ação, ministro Edson Fachin, leva a assinatura de Renan Calheiros. Fachin
pediu informações sobre o assunto ao Senado, à Câmara, à Presidência da
República, à Advocacia Geral da União (AGU) e à Procuradoria Geral da República
(PGR). De posse dos documentos, ele vai elaborar um voto e levar para o
julgamento da ação, marcado para a próxima quarta-feira no plenário do
tribunal.
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