Corpo da advogada Vanessa Ricarda foi enterrado nesta sexta (15), em Parelhas
A família da advogada Vanessa Ricarda de Medeiros - assassinada a pauladas na madrugada desta quinta-feira (14) em um motel nas proximidades da cidade de Santo Antônio, a 70 quilômetros de Natal-, afirmou que vai apresentar ao Ministério Público o conteúdo de uma mensagem telefônica que mostra que o soldado da Policial Militar Gleyson Alex de Araújo Galvão, de 35 anos, ex-namorado da vítima, a perseguia desde o final do relacionamento.
Verbena Rúbia é irmã da vítima e também é advogada. Ela repassou o conteúdo da mensagem com exclusividade ao G1. O texto data de 1º de janeiro deste ano e é assinado por Vanessa. Nele, ela diz: “Evencia, minha querida como lhe disse meu ex namorad anda me perseguind, preciso me distanciar dele! infelizmente nao posso continuar em santo antonio. Peco sua compreensao. VANESSA” (sic).
Mensagem telefônica que a família da advogada disse que vai apresentar ao Ministério Público
Segundo a família, o namoro durou três anos, “mas por causa da agressividade e das ameaças que ele fazia à ela e à nossa família, Vanessa rompeu com ele em dezembro”, disse Vitória Régia, outra irmã de Vanessa e que também advoga.
Genilson Dantas, cunhado de Vanessa, disse que ela era uma pessoa muito calma e não gostava de chamar a atenção. Disse também que o PM é muito agressivo e, por isso, Vanessa resolveu acabar tudo. “Ela nos contou que sofria ameaças. Ela estava em Santo Antônio para reincidir um contrato de aluguel, pois desistiu de abrir um escritório de direito previdenciário na cidade", afirmou o cunhado.
O caso
O soldado da Polícia Militar Gleyson Alex de Araújo Galvão, de 35 anos, tem sete anos de corporação. Ele foi preso na madrugada desta quinta (14) no interior do motel Cactus, nas proximidades da cidade de Santo Antônio, na região Agreste potiguar, onde a advogada Vanessa Ricarda de Medeiros foi encontrada desfigurada por socorristas do Samu. Ela morreu antes de chegar ao hospital.
Segundo o delegado Everaldo Fonseca, a advogada foi assassinada a pauladas pelo policial. Ainda de acordo com o delegado, Gleyson Alex confessou o crime, disse que sabe que matou a ex-namorada usando um pedaço de pau, mas não se recorda como o fez.
O advogado Cezar Cerqueira de Freitas Júnior, defensor do PM, no entanto, afirma que acompanhou o depoimento ao lado de Gleyson e, em momento algum, ele teria confessado o crime. “Ele disse que eles discutiram e chegaram às vias de fato, caíram no chão, mas não se lembra do que aconteceu depois. E, embora tenha um pedaço de pau na cena do crime, ele não confessou ter usado o objeto”, disse o advogado.
Segundo a polícia, Gleyson estava todo sujo de sangue e trajava apenas uma bermuda quando foi preso. O delegado revelou, inclusive, que o PM, durante o interrogatório, não esboçou qualquer sinal de arrependimento pelo assassinato.
Gleyson Alex de Araújo Galvão está preso no quartel da PM em Nova Cruz, onde permanece à disposição da Justiça.
ENTERRO
O corpo da advogada foi enterrado na manhã desta sexta (15), na comunidade de Santo Antônio da Cobra, distrito a 18 quilômetros de Parelhas, na região Seridó do Rio Grande do Norte. O clima foi de revolta e comoção. Dezenas de amigos e parentes acompanharam o cortejo pelas ruas da comunidade e pediram justiça.
Raimunda Tereza de Medeiros, mãe de Vanessa, disse ao G1 que Gleyson fazia ameaças constantes, inclusive, indo até Santo Antônio da Cobra, onde a família mora, para pressionar a ex-namorada. "Ele veio aqui e ligou pra Vanessa. Disse que estava aqui com a gente. Acho que para ameaçar ela, para que ela pensasse que ele poderia fazer algo de ruim com a gente caso ela não falasse com ele", disse a mãe.
Preventiva
O Ministério Público divulgou, ainda na manhã desta sexta, uma nota informando que o promotor de Santo Antônio, Mariano Paganini Lauria, pediu à Justiça que converta a prisão em flagrante do policial militar Gleyson Alex de Araújo em prisão preventiva. O soldado PM foi autuado pelo assassinato de Vanessa Ricarda de Medeiros.
De acordo com a nota, o representante do MP afirma “ser imperiosa a decretação da prisão preventiva do PM como forma de garantir a ordem pública além da conveniência da instrução criminal”.
Para o promotor de Justiça de Santo Antônio, a decretação da custódia cautelar se recomenda também pela gravidade concreta do delito, pela violência do agente e pelo fato de que o agressor tentou se valer de sua condição de policial militar para intimidar e ameaçar os “colegas de farda” que atuaram na sua prisão.
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