O baixo
volume de água nos reservatórios do Rio Grande do Norte provocou o
encerramento ou racionamento das
atividades em quatro perímetros irrigados do Estado. São mais de 170 famílias
de agricultores que deixaram de plantar ou tiveram queda significativa na
produção devido à seca que castiga o setor desde dezembro de 2012. Apenas o
perímetro irrigado do Baixo Açu continua produzindo sem interrupções, mas sob o
risco de também ser prejudicado caso a seca persista por muito tempo.
Além do
Baixo Açu, na cidade de Assu, o Estado possui mais quatro perímetros irrigados:
Pau dos Ferros, Cruzeta, Itans e Sabugi. Os dois últimos estão localizados em
Caicó e, os demais, nos municípios homônimos. Em fase de construção, está o
perímetro irrigado de Santa Cruz do Apodi, entre os municípios de Felipe Guerra
e Apodi.
Os
perímetros são obras de infraestrutura hídrica erguidas pelo Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) destinadas à irrigação. No Estado, a
maioria entrou em operação em 1977. Os equipamentos podem ser entendidos como
uma espécie de adutora que leva a água do reservatório fornecedor para a área
de irrigação. Os lotes são divididos por produtores que têm direito de usar a
terra por tempo determinado.
Desde que os
perímetros entraram em operação, a produção nas terras às margens dos canais
ganhou destaque e, em alguns casos, os produtos eram destinados à exportação.
Mas sem água nos reservatórios, os canais ficam secos e não há o que fazer. Com
exceção do Baixo Açu, todos os perímetros do Estado sofrem com a estiagem
vigente e, em três deles, nada é produzido há quase dois anos.
É o que
acontece no perímetro irrigado de Cruzeta, a 219 quilômetros de Natal. O que
antes era um eldorado para 23 colonos, transformou-se em terra seca e
improdutiva para a maior deles. O agricultor Amauri de Medeiros, 50 anos, não
esquece o mês de dezembro de 2012. “Foi a última vez que consegui colher alguma
coisa nessa terra”, diz ao apontar para o terreno onde agora apenas o mato seco
ocupa o espaço. “Com a água, eu tinha emprego e dava emprego para outras
pessoas. Agora, minha ocupação é com a pecuária”, explica.
Em Cruzeta,
a área de 506,68 hectares é dividida entre 23 colonos. No auge da produção, a
região ficou famosa por exportar tomate para indústrias da alimentação e ganhou
destaque no jornal espanhol El País. Hoje, os agricultores esperam boas
notícias com relação às chuvas. O perímetro era abastecido pelo açude da cidade
que, hoje, está com apenas 18,64% da capacidade. O que inviabiliza qualquer
atividade comercial.
De acordo
com o diretor estadual do Dnocs, José Eduardo Alves, as atividades nos
perímetros foram suspensas por medida de segurança. “Resolvemos fechar os
perímetros, em janeiro de 2013, por medida de segurança. O problema é a seca
que já entra no quarto ano. Não há previsão de retorno”, diz.
A seca,
aliás, é responsável por quedas na produção agrícola em todo o Estado. Segundo
dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), houve redução de 55,7% na
área de produção. Em 2011, ano considerado bom para a agricultura, foram
utilizados 156.814 hectares. Este ano, esse número caiu para 69.454 hectares.
Estão
completamente parados os perímetros de Cruzeta, Pau dos Ferros e Sabugi. O
perímetro de Itans, explica o Dnocs, funciona de forma racional, com controle
do uso da água. Já o perímetro do Baixo Açu está com as atividades ameaçadas.
“Temos recomendação da ANA [Agência Nacional das Águas] para fechar o perímetro
se a barragem Armando Ribeiro chegar aos 30% da capacidade”, informa José
Eduardo Alves. Atualmente, a barragem está com 40,89% da capacidade total.
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